O cruzeiro e o medo de morrer
Imagine que você está em um cruzeiro. Dentro do navio há inúmeras atividades e muitas pessoas que você pode conhecer. Agora imagine alguém que evita conversar com as pessoas e não se engaja nas múltiplas atividades oferecidas porque quer evitar a dor do inevitável fim da viagem.Parece loucura, não? É como se a pessoa pensasse: quanto menos eu me envolver, menor será a dor do final. Será mesmo?
Pense em sua vida como um cruzeiro. A certeza que todos nós temos, independente de credo religioso, é que vai acabar. O que você faria se soubesse que lhe faltam apenas alguns meses de vida? Pensar nisso pode parecer até mesmo insuportável.
Mas por que faço essa provocação? Justamente para falar a respeito do medo de morrer, que chega a ser extremamente presente e angustiante para algumas pessoas. Esse medo pode se manifestar de várias formas: hipocondria (preocupação excessiva de que tenha alguma doença), transtorno do pânico, agorafobia (medo de lugares abertos), etc.
Há quem diga que é patológico ficar pensando na própria morte. Discordo disso, pois acho que depende muito da maneira como a pessoa está pensando sobre o próprio morrer. Acredito que o fato de pensar sobre a própria morte pode ser muito benéfico, ensinando a pessoa a viver melhor. Como assim?!
Quando você está totalmente envolvido em um modo de vida cotidiano, raramente pensa em questões existenciais e significativas. Pensa nas contas que tem que pagar, em como melhorar sua aparência física, no próximo bem que irá consumir, nas várias atividades que terá que realizar, e por aí vai. Não estou dizendo que essas coisas não têm sua importância, é claro que têm. No entanto, essas questões e outras podem se tornar uma grande distração, que nos impede de refletirmos sobre como vivenciar uma vida realmente plena.
Geralmente, só pensamos em coisas mais profundas diante de um acontecimento bem marcante: a morte de alguém com o qual nos importamos; uma doença; o fim de um relacionamento íntimo; um trauma; filhos saindo de casa; aposentadoria; aniversário de 50, 60, 70 anos. E aí fica a pergunta: o que você pensa nesses momentos? Tenta evitar pensar na morte a qualquer custo; ou encara a angústia de pensar na morte e reflete como tem sido sua vida? O que mais te assusta em relação à morte?
A melhor forma de se diminuir o medo da morte é ter uma boa vida no presente. Quando falo a respeito de uma boa vida, não estou me referindo a algum tipo de padrão pré estabelecido: estou falando sobre viver uma vida que seja boa para você! Você precisa descobrir o que é isso, o que realmente significa para você uma boa vida. Talvez você esteja vivendo no modo automático: tomando as mesmas decisões que todo mundo está tomando; assumindo compromissos que não vão te acrescentar em nada; gastando seu tempo e dinheiro com algo que não irá te satisfazer. Quanto mais insatisfatória for a vida, maior o medo de que ela termine.
O que você pode mudar a partir de agora para que sua vida seja mais gratificante e empolgante? Crie o destino que você possa amar!
Voltando a analogia com o cruzeiro, ele irá terminar para todos nós. A diferença será as experiências que tivemos, as pessoas que conhecemos e as histórias que vivenciamos enquanto ele durou.